
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
A Falácia do Homem Livre...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Aspiro a um Repouso Absoluto...

Charles Baudelaire, in "Projectos de prólogos para «Flores do Mal»"
terça-feira, 11 de agosto de 2009
As Vozes do Silêncio
As estátuas de Olímpia, que tanto contribuem para nos ligar à Grécia, alimentam contudo também, no estado em que chegaram até nós - esbranquiçadas, quebradas, isoladas da obra integral -, um mito fraudulento da Grécia, não sabem resisitir ao tempo como um manuscrito, mesmo incompleto, rasgado, quase ilegível. O texto de Heráclito lança-nos clarões como nenhuma estátua em pedaços pode fazer, porque o significado é nele deposto de maneira diferente, é concentrado de forma diferente do que está concentrado nelas, e porque nada iguala a ductilidade da palavra. Enfim, a linguagem diz, e as vozes da pintura são as vozes do silêncio.
Maurice Merleau-Ponty, in 'Signos'
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Os Caminhos Insondáveis do Progresso da Humanidade...

Maurice Merleau-Ponty, in 'Signos'
domingo, 9 de agosto de 2009
O Eterno é a Própria Vida...

Mas então a verdade de um ser já não é aquilo em que se tornou no fim ou a sua essência, mas o seu devir activo ou a sua existência. E se, como Lavelle dizia em tempos, nos julgamos mais perto dos mortos que amámos do que dos vivos, é porque já nos não põem em dúvida e daqui para o futuro podemos sonhá-los a nosso gosto. Esta piedade é quase ímpia. A única recordação que lhes diz respeito é a que se refere ao uso que faziam de si próprios e do seu mundo, o acento da sua liberdade na incompletude da vida. O mesmo frágil princípio faz-nos viver e dá ao que fazemos um sentido inesgotável.
Maurice Merleau-Ponty, in 'O Elogio da Filosofia'
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
A Autoridade

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Ser Distinto...

O homem nobre pode, em certos momentos, desleixar-se; o homem distinto nunca. Este é como um homem muito bem vestido: não se enconstará em lado nenhum e toda a gente evitará roçar nele. Ele distingue-se dos outros e, todavia, não deve ficar sozinho; pois, tal como em todas as artes e, portanto, também nesta, o mais difícil deve, finalmente, ser executado com facilidade: por isso, a pessoa distinta, apesar de todo o isolamento, deve parecer sempre ligada a outrem; em parte alguma, deve mostrar-se rígida; em todo o lado deve ser polida e aparecer sempre como a primeira, sem nunca se impor como tal. Vê-se, por conseguinte, que, para parecer distinto, se tem de ser realmente distinto.
Johann Wolfgang von Goethe, in 'Os Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister'
domingo, 2 de agosto de 2009
O Humor é um Indicador do Equilíbrio...

Johann Wolfgang von Goethe, in 'Máximas e Reflexões'
sábado, 1 de agosto de 2009
Conquista e Governação...

(...) Na verdade, o único modo seguro de conservar uma cidade conquistada é a sua destruição. Quem se torna senhor de uma cidade habituada a viver livre e a não desfaça, pode preparar-se para ser por ela desfeito, porque sempre encontrarão grande receptividade no seio da rebelião a recordação da liberdade e das antigas instituições, as quais nem pela acção do tempo nem pela concessão de benesses se apagarão da sua memória. O que quer que se faça ou se disponha, se não se dividirem e dispersarem os habitantes, fará reviver a ideia de liberdade e a antiga ordem, pois logo as evocam a cada incidente que ocorra. (...) No entanto, quando as cidades estão acostumadas a viver sob o domínio de um príncipe e o seu sangue tenha sido extinto, verifica-se que os habitantes - habituados a obedecer, não existindo mais o antigo príncipe nem logrando um acordo para escolher outro - não sabem viver em liberdade, de modo que são mais demorados a pegar em armas, pelo que um príncipe mais facilmente os conseguirá aliciar e conquistar a sua confiança. Mas nas repúblicas há mais vitalidade, mais ódio, mais desejo de vingança, o que não permitirá que os seus cidadãos apaguem a memória da antiga liberdade. De modo que a maneira mais segura de as dominar é destruí-las ou ir para lá residir.
Nicolo Maquiavel, in 'O Príncipe'
sexta-feira, 31 de julho de 2009
O Verdadeiro é Simples...

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"
quinta-feira, 30 de julho de 2009
O Demónio do Artifício

Johann Wolfgang von Goethe, in 'Máximas e Reflexões'
quarta-feira, 29 de julho de 2009
A Nossa Falsa Verdade...

Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões"
domingo, 26 de julho de 2009
O Mais Infalível Veneno é o Tempo...

Ralph Waldo Emerson, in "Old Age"
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Diferenças: 1979 - 2009...
Este artigo não foi elaborado por mim mas chegou através de correio electrónico. Desculpe o autor anónimo porque a glória é sua e desculpem os que o lerem se não concordarem. Eu achei muita piada e por isso o meto aqui. Vejamos como mudaram os tempos, e...
Situação: O fim das férias. Ano 1979: Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.
Ano 2009: Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.
Situação: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno. Ano 1979: Não se passa nada. Ano 2009: As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.
Situação: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga. Ano 1979: O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa. Ano 2009: A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.
Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas. Ano 1979: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos. Ano 2009: A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar. O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura-Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.
Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas Ano 1979: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais. Ano 2009: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.
Situação: O Luís parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este. Ano 1979: O Luís tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido. Ano 2009: Prendem o pai do Luís por maus-tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.
Situação: O Zezinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar. Ano 1979: Passado pouco tempo, o Zezinho sente-se melhor e continua a correr. Ano 2009: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zezinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, caiem cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.
Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro. Ano 1979:Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas. Ano 2009: A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.
Situação: Fazias uma asneira na sala de aula. Ano 1979:O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito' Ano 2009: Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.
A Sabedoria do Sofrimento...

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
quarta-feira, 22 de julho de 2009
O Implacável Antagonista Somos Nós Mesmos...

Philip Roth, in 'Teatro de Sabbath'
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Os Nossos Eus...

Virginia Woolf, in "Orlando"
quinta-feira, 9 de julho de 2009
A Desordem da Minha Natureza

Gabriel García Marquez, in 'Memória das Minhas Putas Tristes'
Prejudicar com o que se tem de Melhor...

Esta experiência, que acabamos por pagar com a vida, simboliza a acção dos grandes homens nos outros e no seu tempo: é com aquilo que têm de melhor, com aquilo que são os únicos a poder fazer, que arruinam grande número de seres fracos, incertos, sem vontade própria, ainda em mudança, é com aquilo que têm de melhor em si próprios que se tornam nocivos. Pode até acontecer que só prejudiquem porque aquilo que há de melhor nele só pode ser absorvido, esvaziado de um trago, de qualquer maneira, por seres que ali afogam a sua razão e a sua individualidade, como se fosse num licor excessivamente forte: estão de tal modo embriagados que não poderão deixar de partir os membros em todos os caminhos em que a sua embriaguez os fulminará.
Friedrich Nietzsche, in 'A Gaia Ciência'
terça-feira, 7 de julho de 2009
O Livre Arbítrio...

Em segundo lugar, é livre pelo facto de poder escolher o caminho desta vida e a maneira de o percorrer.
Em terceiro lugar, é livre pelo facto de na qualidade daquele que vier a ser de novo um dia, ter a vontade de se deixar ir custe o que custar através da vida e de chegar assim a ele próprio e isso por um caminho que pode sem dúvida escolher, mas que, em todo o caso, forma um labirinto tão complicado que toca nos menores recantos desta vida.
São esses os tês aspectos do livre arbítrio que, por se oferecerem todos ao mesmo tempo formam apenas um e de tal modo que não há lugar para um arbítrio, quer seja livre ou servo.
Franz Kafka, in "Meditações"
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