
Deve dizer adeus a toda a espécie de esforço, sob qualquer aparência que se apresente; e fugir em geral das paixões que impedem a tranquilidade do corpo e da alma, e escolher o caminho que for mais de acordo com o seu humor, Cada qual saiba escolher o caminho que lhe convém (Propércio). No governo do lar, no estudo, na caça e em qualquer outra actividade, é preciso avançar até aos últimos limites do prazer, e evitar embrenhar-se mais adiante, onde começa a entremear-se a fadiga. É preciso observar empenho e preocupação apenas na medida em que são necessários para nos mantermos alerta e para nos preservar dos incómodos que acarreta o outro extremo de uma ociosidade frouxa e entorpecida.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'