Lazer- intervalos de lucidez numa vida desregrada.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Nada Vence a Vontade...

Epicteto, in 'Manual'
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Destino Sem Medo...

Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'
Dicionário do Diabo...
Falar- cometer uma indiscrição sem tentação, motivado por um impulso sem finalidade.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Português Sentimental e com Horror à Disciplina...

António de Oliveira Salazar, in 'Homens e Multidões', de António Ferro
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
A Crise do Idealismo...

António de Oliveira Salazar, in 'Entrevista ao Diário de Notícias (1936)'
domingo, 25 de janeiro de 2009
Saber Estar...

Epicteto, in 'O Festival Da Vida'
Dicionário do Diabo...
Expectativa: estado ou condição mental que, no cortejo das emoções humanas, é precedido pela esperança e seguido pelo desespero.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Nada Vence a Vontade...
Epicteto, in 'Manual'
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Intolerante: indivíduo que está obstinada e zelosamente vinculado a uma opinião que não partilhamos.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Ignorante- uma pessoa que desconhece certas coisas que nos são familiares, conhecendo outras coisas das quais nunca ouvimos falar.
Nunca te Intitules Filósofo...

Epicto, in "MANUAL"
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo---
Religião - uma filha da Esperança e do Medo, que explica à Ignorância a natureza do Desconhecido.
Dicionário do Diabo...
Fé- crença, não baseada em provas, no que é contado por alguém que fala sem conhecimento de coisas sem paralelo.
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Riso- uma convulsão interior, que produz uma distorção da expressão facial e que é acompanhada por sons desarticulados. É contagioso e, embora intermitente, incurável.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Reflexão...
"...Há tão pouca distância entre a felicidade e a infelicidade, que apenas as separa uma pequena sílaba e diferem uma da outra em duas letras..."
Lucius Annaeus Seneca
Dicionário do Diabo...
Homem- um animal tão perdido na contemplação voluptuosa daquilo que pensa que é que se esquece de reflectir sobre aquilo que deveria ser. A sua actividade principal é o extermínio dos outros animais e da sua própria espécie, que, no entanto, se multiplica com tal rapidez que já infesta todo o mundo habitável.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Litígio- uma máquina na qual se entra como um porco e se sai como uma salsicha.
Horizontes da Eternidade...

A morte não é um acontecimento da vida. A morte não pode ser vivida. Caso se compreenda por eternidade não uma duração temporal infinita, mas a intemporalidade, quem vive no presente é quem vive eternamente. A nossa vida é tanto mais sem fim quanto mais o nosso campo de visão não tem limites.
Ludwig Wittgenstein, in 'Tratado Lógico-Filosófico'
domingo, 11 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Litigante- uma pessoa que se prepara para trocar a pele pela esperança de ficar com os ossos.
Tirar Proveito da Vida...

Michel de Montaigne, in 'Ensaios'
sábado, 10 de janeiro de 2009
Ninguém Morre Antes da Hora...

Ninguém morre antes da hora. O que deixais de tempo não era mais vosso do que o tempo que se passou antes do vosso nascimento; e tampouco vos importa, Com efeito, considerai como a eternidade do tempo passado nada é para nós (Lucrécio). Termine a vossa vida quando terminar, ela aí está inteira. A utilidade do viver não está no espaço de tempo, está no uso. Uma pessoa viveu longo tempo e no entanto pouco viveu; atentai para isso enquanto estais aqui. Terdes vivido o bastante depende da vossa vontade, não do número de anos. Pensáveis nunca chegar aonde estáveis indo incessantemente? E no entanto não há caminho que não tenha o seu fim. E, se a companhia vos pode consolar, não vai o mundo no mesmo passo em que ides? Todas as coisas seguir-vos-ão na morte (Lucrécio). Tudo não dança a vossa dança? Há coisa que não envelheça convosco? Mil homens, mil animais e mil outras criaturas morrem nesse mesmo instante em que morreis: Pois nunca a noite sucedeu ao dia, nem a aurora à noite, sem ouvir, mesclados aos vagidos da criança, os gritos de dor que acompanham a morte e os negros funerais (Lucrécio).
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Aprender a Morrer para Saber Viver...

Diz Cícero que filosofar não é outra coisa senão preparar-se para a morte. Isso porque de certa forma o estudo e a contemplação retiram a nossa alma para fora de nós e ocupam-na longe do corpo, o que é um certo aprendizado e representação da morte; ou então porque toda a sabedoria e discernimento do mundo se resolvem por fim no ponto de nos ensinarem a não termos medo de morrer. Na verdade, ou a razão se abstém ou ela deve visar apenas o nosso contentamento, e todo o seu trabalho deve ter como objectivo, em suma, fazer-nos viver bem e ao nosso gosto, como dizem as Santas Escrituras. Todas as opiniões do mundo coincidem em que o prazer é a nossa meta, embora adoptem meios diferentes para isso; de outra forma as rejeitaríamos logo de início, pois quem escutaria alguém que estabelecesse como fim o nosso penar e descontentamento?
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Injustiça- de todos os fardos que depositamos nos outros e que carregamos nós próprios, é o mais leve nas mãos e o mais pesado nas costas.
A Justa Medida...

Epicteto, in 'Manual'
Quem Aprendeu a Morrer Desaprendeu de Servir...

Eliminemos-lhe a estranheza, trilhemo-lo, acostumemo-nos a ele. Não pensemos em nenhuma outra coisa com tanta frequência quanto na morte. A todo o instante representemo-la à nossa imaginação, e sob todos os aspectos. Ao tropeço de um cavalo, à queda de uma telha, à menor picada de alfinete, ruminemos imediatamente: «Pois bem, quando será a morte mesma?» E diante disso enrijeçamo-nos e fortifiquemo-nos. Pelo meio às festas e à alegria, conservemos esse refrão da lembrança da nossa condição, e não nos deixemos arrastar ao prazer tão intensamente que por vezes não volte a passar-nos na lembrança sob quantas formas o nosso regozijo está na mira da morte, e com quantos ataques ela o ameaça. Assim faziam os egípcios, que, pelo meio dos seus festins e no melhor divertimento, mandavam trazer o esqueleto de um corpo de homem morto, para servir de advertência aos convivas, Imagina que cada dia que brilha é para ti o dia supremo; receberás com reconhecimento a hora com que não havias contado (Horácio). É incerto onde a morte nos espera; esperemo-la em toda a parte. A premeditação da morte é premeditação da liberdade. Quem aprendeu a morrer desaprendeu de servir. Saber morrer liberta-nos de toda a sujeição e imposição. Na vida não existe mal para aquele que compreendeu que a privação da vida não é um mal.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Ócio-uma quinta-modelo na qual o Diabo experimenta as sementes de novos pecados e cultiva os vícios de primeira necessidade.
O Politíco Português...

António de Oliveira Salazar, in 'Inéditos e Dispersos Políticos'
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Dicionário do Diabo...
Paraíso- um sítio onde os maus deixam de nos aborrecer com os seus assuntos pessoais, e os bons ouvem atentamente quando contamos os nossos.
O Ateu é Deus...

Fiodor Dostoievski, in 'Os Possessos' (discurso do personagem Kirilov)
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
A Criação de Deus como Travão dos Instintos...

A que imaginações contra natura, a que paroxismo de demência, a que a bestialidade de ideia se deixa arrastar, quando se lhe impede ser besta de acção!... Tudo isto é muito interessante, mas quando se olha para o fundo deste abismo, sentem-se vertigens de tristeza enervante. Não há dúvida de que isto é uma doença, a mais terrível que tem havido entre os homens e aquele cujos ouvidos sejam capazes de ouvir, nesta negra noite de tortura e de absurdo, o grito de amor, o grito de êxtase e de desejo, o grito de redenção por amor, será presa de horror invencível... Há tantas coisas no homem que infudem espanto! Foi por tanto tempo a terra um asilo de dementes!
Friedrich Nietzsche, in 'A Genealogia da Moral'
domingo, 4 de janeiro de 2009
O Homem é um Deus que se Ignora...

Grande, soberana consolação de ver essa luz de concórdia raiar do ponto do horizonte aonde menos se esperava, de ver uma vez unidos, conciliados esses dois extremos inimigos, esses dois espíritos rivais cuja luta entristecia o mundo, ecoava como um tremendo dobre funeral no coração retalhado da humanidade antiga! Os combatentes, no maior ardor da peleja, fitam-se, encaram-se com pasmo, e sentem as mãos abrirem-se para deixar cair o ferro fratricida. Estendem os braços... somos irmãos ! Primeiro encontro, santo e puríssimo, dos prometidos da história! Manhã suave dos primeiros sorrisos, dos olhares tímidos mas leais desses noivos formosíssimos, que o tempo aproximava assim para o casamento misterioso das raças! Não há no mundo palácio de rei digno de lhes escutar as primeiras e sublimes confindências! Só um templo, alto como a cúpula do céu, largo como o voo do desejo, puro como a esperança do primeiro e inocente ideal humano! Esse templo tiveram-no. Naquela palavra de dois loucos se encerra tudo. Nenhuma montanha tão alta, aonde a olho nu se aviste Deus, como o voo desta frase, a maior revelação que jamais ouvirá o mundo - dentro do homem está Deus.
Antero de Quental, in 'Prosas da Época de Coimbra'
sábado, 3 de janeiro de 2009
Vaga, no Azul Amplo Solta...
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
A Guerra é Deus...

Imaginem dois homens a jogar às cartas que nada têm para apostar a não ser as próprias vidas. Quem é que não ouviu já uma história assim? Uma carta virada. Para um tal jogador, a laboriosa progressão do universo inteiro veio desembocar naquele momento decisivo que irá decidir se é ele que vai morrer às mãos do adversário ou o inverso. Haverá certificação mais segura do valor de um homem? Este engrandecimento do jogo até ao seu estado supremo não admite discussão em torno do conceito de destino. A escolha de um homem em detrimento de outro é uma preferência absoluta e irrevogável e só uma pessoa destituída de inteligência poderia imaginar uma decisão tão profunda sem que a ela presidisse um qualquer intento ou significado de ordem superior. Nos jogos que têm como objecitvo a aniquilação do vencido, as decisões são muito claras. Este homem, que tem nas mãos esta combinação particular de cartas, vê a sua existência chegar ao fim por esse motivo. Eis a natureza da guerra, cujo prémio é a um tempo o jogo e a autoridade e a justificação. Vista desta maneira, a guerra é a forma mais genuína de adivinhação. É pôr à prova a nossa vontade e a vontade de outrem no quadro daquela vontade mais vasta que, pelo facto de vincular todas as vontades individuais, é obrigada a escolher. A guerra é o jogo supremo porque representa, em última análise, o romper da unidade da existência. A guerra é deus.
Cormac McCarthy, in 'Meridiano de Sangue'
Dicionário do Diabo...
Júri- um conjunto de pessoas designadas pelo tribunal para ajudar os advogados a evitar que a lei degenere e se transforme em justiça.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
O Homem Corrige Deus...

Teixeira de Pascoaes, in "A Saudade e o Saudosismo"
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