sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Aprender a Morrer para Saber Viver...


Diz Cícero que filosofar não é outra coisa senão preparar-se para a morte. Isso porque de certa forma o estudo e a contemplação retiram a nossa alma para fora de nós e ocupam-na longe do corpo, o que é um certo aprendizado e representação da morte; ou então porque toda a sabedoria e discernimento do mundo se resolvem por fim no ponto de nos ensinarem a não termos medo de morrer. Na verdade, ou a razão se abstém ou ela deve visar apenas o nosso contentamento, e todo o seu trabalho deve ter como objectivo, em suma, fazer-nos viver bem e ao nosso gosto, como dizem as Santas Escrituras. Todas as opiniões do mundo coincidem em que o prazer é a nossa meta, embora adoptem meios diferentes para isso; de outra forma as rejeitaríamos logo de início, pois quem escutaria alguém que estabelecesse como fim o nosso penar e descontentamento?
Michel de Montaigne, in 'Ensaios'

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho muito adequado a parte do texto/pensamento que refere que filosofar, no limite, é separação/afastamento da mente do corpo como que uma morte. No entanto, não concordo que o homem faça algo sem ter um objectivo, por mais absurdo e ilógico que pareça todas as acções. Sendo o acto de pensar uma acçã, é presuposto que tenha sempre um objectivo. Partindo do princípio que o prazer é maior incentivo possível de apresentar ao ser humano, e o maior motor das acções humanas, infiro que filosofar no extremo é desencentivante e entediante já que o prazer é tanto mais intenso quanto for a relacão corpo/mente/prazer.