quarta-feira, 29 de junho de 2011

As Nossas Verdades...

A aprendizagem transforma-nos, faz o mesmo que toda a alimentação que também não «conserva» apenas -: como sabe o fisiólogo. Mas no fundo de nós mesmos, muito «lá no fundo», há, na verdade, qualquer coisa rebelde a toda a instrução, um granito de fatum espiritual, de decisões predestinadas e de resposta a perguntas escolhidas e pré-formuladas. A cada problema fundamental ouve-se inevitavelmente dizer «isso sou eu»; por exemplo, a respeito do homem e da mulher, um pensador não pode aprender nada de novo mas apenas aprender até ao fim, - prosseguir até ao fim na descoberta do que, para ele, era «coisa assente» a esse respeito. Encontram-se por vezes certas soluções de problemas que alimentam precisamente a nossa grande fé; talvez de ora em diante lhes chamemos as nossas «convicções».
Mais tarde - só se verá, nessas convicções, pegadas que conduzem ao autoconhecimento, indicadores que conduzem ao problema que nós somos, - ou mais exactamente, à grande estupidez que somos, ao nosso fatum espiritual, ao incorrigível, que se encontra totalmente «lá no fundo». - Depois dessa atitude simpática que acabo de assumir em relação a mim próprio, talvez me seja mais facilmente permitido dizer francamente algumas verdades sobre «a mulher em si»: uma vez que agora já se sabe de antemão que são apenas - as minhas verdades. Friedrich





Nietzsche, in 'Para Além de Bem e Mal'

Sem comentários: