Há poucos indivíduos a quem é dado contemplar uma obra de arte como espectadores tranquilos; mas é difícil encontrar um que seja capaz ou tenha a vontade, ao mesmo tempo que deixa a obra penetrá-lo, e escuta as suas impressões ou as palavras de outro, de permancer simples observador. Sem se dar conta disso, torna-se crítico, procurando mostrar a sua força de juízo, exercer o seu humor e avaliar a sua própria pessoa.
O ingénuo fá-lo inicialmente, é certo, sem a menor intenção malévola; mas mesmo nele, as propriedades naturais do indivíduo não tardam a impôr os seus direitos - vaidade e pedantice, desejo de ser superior aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros - de tal modo que depressa estará mais decidido a desvelar as fraquezas de uma obra do que a aceitar os seus lados positivos. E queremos nós censurar essas qualidades humanas de ordem geral, precisamente àquele que fez da crítica a sua profissão?
O ingénuo fá-lo inicialmente, é certo, sem a menor intenção malévola; mas mesmo nele, as propriedades naturais do indivíduo não tardam a impôr os seus direitos - vaidade e pedantice, desejo de ser superior aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros - de tal modo que depressa estará mais decidido a desvelar as fraquezas de uma obra do que a aceitar os seus lados positivos. E queremos nós censurar essas qualidades humanas de ordem geral, precisamente àquele que fez da crítica a sua profissão?
Arthur Schnitzler, in 'Arte e Crítica'
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